O uso da crioterapia nas lesões agudas de tecido mole
RESUMO: Os tecidos moles podem
ser lesados e com essa lesão o organismo responde através do mecanismo de
inflamação e o uso da crioterapia vai amenizar ou cessar seus efeitos,
possibilitando, assim, a recuperação do tecido.
Palavras – chave: crioterapia,
lesões de tecidos moles, fase aguda.
O estudo objetiva elucidar o uso
da crioterapia no início, fase aguda, nas lesões de tecido mole, com o intuito
de evitar o prolongamento dos mecanismo de inflamação, cicatrizações musculares
inadequadas, retenção de metabólitos, isquemia e fibrose, consequentemente
encurtamento do tecido comprometido.
Segundo Lianza (1995) os tecidos
moles incluem fáscia, músculos, tendões, lingamentos, cápsulas articulares,
superfícies cartilaginosas, discos intervertebrais e meniscos. Basicamente são
compostos por elementos celulares e não – celulares, com células distribuídas
através de substância basal intercelulares contendo líquidos teciduais, elementos
fibrosos e material orgânico. Cada um desses tecidos é composto essencialmente por
uma reunião de elementos celulares fibrosos em que predomina um tipo particular
de célula ou fibra, formando uma unidade de trabalho.
Conforme o mesmo autor, os
tecidos moles apresentam certas propriedades biomecânicas como a elasticidade e
a viscosidade, sendo considerados por muitos estudiosos como viscoelásticidade.
A elasticidade é a capacidade biomecânica de um tecido sofrer deformação
mediante a um esforço aplicado e retornar a sua condição original, após a
cessar a força que foi submetida. Já a viscosidade refere-se ao aumento da
resistência à movimentação de um tecido.
Consoante Rahs (1991), salienta
que a viscoelasticidade poderá depender da idade biológica do indivíduo, do
condicionamento físico, da temperatura local onde se encontra o indivíduo e da
carga genética. Rahs (1991) enfatiza que um indivíduo mais jovem que apresenta
condicionamento físico adequado do complexo miotendínco e uma boa herança
genética apresentará menor chance de sofrer lesões em tecidos moles. Por outro
lado, quanto maior será a idade biológica, maior possibilidade dos tecidos
sofrerem deformação de sua estrutura.
Diante do exposto, as lesões de
tecidos moles podem ser causada basicamente por sobrecarga repetitiva (uso
excessivo) ou por traumatismo no local direto. Nessas duas situações encontram-se
lesões relacionadas às atividades ocupacionais e esportivas. A primeira ocorre
esforço repetitivo que ocasiona microtramautismo de repetição, que excedem a
capacidade da função do músculo, causando dor, fadiga e produção de edema; e na
segunda encontram-se as contusões, distensões, as entorses, as bursites e as
tendossinovites, as quais levam um processo inflamatório, respectivamente. (Kisner,
1998)
A fisiopatologia das lesões de
tecidos moles é caracterizada pela fase aguda, sub-aguda e crônica. No entanto,
o objetivo do estudo é elucidar apenas a fase aguda, uma vez que o uso da
crioterapia nesta fase irá diminuir a dor, os espasmo muscular protetor, a diminuição
da consumo de oxigênio do metabolismo celular e também irá proporcionar uma
vasoconstrição, evitando, assim, a contaminação dos tecidos circundantes
perante os mecanismos da inflamação. (Knight, 2000)
A fase aguda é constituída por
uma ruptura de fibras colágenas de vasos sangüíneos, levando uma hemorragia e a
uma resposta humoral, que vão liberar os fatores inflamatórios quimiotáticos e
vasoativos. Durante as primeiras 72 horas, após a lesão, vão predominar
alterações vasculares, surge, então, um exsudato de células e soluto dos vasos sangüíneos,
ocorrendo, assim, uma formação de coágulos. Nesse período, inicia-se a neutralização
dos irritantes químicos liberados após a lesão através da diapedese dos leucócitos
e fagocitose, que vai remover os tecidos mortos e respectivamente ocorre atividade
fibroblástica, dando início a formação de novos tecidos e leitos capilares. (Robins,1991)
Esse mecanismo tem por finalidade
restabelecer a integridade do músculo. Durante a fase aguda é evidenciado
sinais característico da lesão, que são: edema, rubor, calor, dor espontânea e
contínua, consequentemente perda da função do segmento lesado. (Montenegro,
s.d)
O tratamento com a crioterapia
tem como objetivo retirar calor do corpo ou do local onde está sendo tratado,
causando um resfriamento e diminuído a permeabilidade celular. A nível
metabólico, a crioterapia permite uma diminuição significativa do metabolismo,
os tecidos resfriados requerem uma quantidade menor de oxigênio para sobreviver,
dessa maneira, o frio decresce a hipóxia tecidual, induzindo a um estado de hibernação
que diminui a extensão da lesão secundária. Ocorre também, a redução da neuro-condução
; da dor por decréscimo na transmissão das fibras de dor, por diminuição da
excitabilidade nas terminações livres e também pela liberação de endorfinas . E
possível perceber uma diminuição da atividade enzimática. Observa-se a redução
do espasmo muscular de proteção através da diminuição da entrada sensorial; da
descarga fusal; como também a redução da produção de histamina e bradicininas,
a qual determina o aumento da permeabilidade dos vasos, objetiva-se também uma
ação em conseqüência a uma diminuição na velocidade de propagação dos estímulos
nociceptivos e proporciona uma vasoconstrição vascular, impedindo o
extravasamento plasmático por ocasião dos traumatismos agudos, e reduz a
hemorragia através do aumento da adesividade das células endotelias.
(Rodrigues, 1990)
As técnicas de aplicação da
Crioterapia são: Imersão em água gelada com cubos de gelos, panquecas de gelo,
compressa de gelo e criogel, jatos ou neve carbônica.
Durante o tratamento da
crioterapia deve-se tomar alguns cuidados, a seguir declinados: pacientes com
Doença de Raynaud ou doença vasoespástica; hipersensibilidade ao frio;
distúrbios cardíacos; comprometimento da circulação local; ter cuidado as aplicações
não passar de 50 minutos para não produzir ulcerações; não aplicar em pacientes
paralisados ou em coma, pois vão ter perda da sensibilidade. (Rodrigues,1998)
Em suma, o uso da crioterapia nas
lesões agudas de tecidos moles é essencial para uma boa reabilitação no
paciente, uma vez que atenua ou cessa os sinais característicos da inflamação
aguda, assim como auxilia na regeneração de vasos e tecidos afetados.
BIBLIOGRAFIA:
ALMEIDA, Rinaldo. Apostila de
crioterapia. Unama. Belém. Pará, 2001 KISNER, C. COLBY, L. A. Exercícios
terapêuticos: fundamentos e técnica. 3. ed. São Paulo: Manole, 1998.
KNIGHT, K.L. Crioterapia no
tratamento das lesões desportivas. 1.ed. São Paulo: Manole, 2000.
LIANZA, S. Medicina de
reabilitação . 2 .ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
MACHADO, C.M. Eletrotermoterapia
Prática. 2.ed. São Paulo: Pancast, 1991.
MONTENEGRO, F. et al. Patologia
e processos gerais. 4.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, s.d.
RASH, P.J. Cinesiologia e
anatomia aplicada. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
ROBINS, S.J. et al. Patologia
estrutural e funcional. 4.ed. São Paulo: Internacional, 1991.
RODRIGUES, Ademir. Crioterapia.
1.ed . CEFESPAR, 1990.
RODRIGUES, E. Meirelles. Manual
de Recursos Terapêuticos. 1.ed. Rio de Janeiro: 1998.
Autores: Daniel da Silva Carvalho
e Flávia Mélo
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