Marcadores das doenças reumáticas
Além dos problemas sociais
ligados à saúde, as doenças reumatóides produzem vários questionamentos sobre
organização e a função do sistema imune.
Velocidade de Hemossedimentação (VHS)
A velocidade com que as
hemáceas se separam do plasma na unidade de tempo (60 ou 120 minutos) é
determinada habitualmente pelo método de Westergreen, no qual os resultados são
indicados pela altura em milímetros da coluna de plasma que se forma acima da
coluna de hemáceas sedimentadas. A VHS sofre alteração sempre que exista um
desequilíbrio humoral, comprometendo as proteínas plasmáticas, acelerando-se
quando aumenta a proporção de fibrinogênio ou globulinas.
É bastante inespecífica,
alterando-se com uma variedade de doenças, principalmente em processos ativos
ou agudos, servindo para acompanhamento de reagudização de doenças crônicas e
não se altera em doenças funcionais, processos inativos ou essencialmente
localizados, por refletirem apenas lesões orgânicas ativas que tenham
comunicação com a circulação.
São valores normais:
60 minutos: 4 a 7 mm na
criança e na mulher;
3 a 5 mm no homem.
120 minutos: 12 a 17 mm na
criança e na mulher;
7 a 15 mm no homem.
Proteína C Reativa (PCReativa)
Proteína caracterizada pela
capacidade de precipitar-se frente ao polissacarídeo C isolado de pneumococo.
Costuma surgir no soro durante a evolução de numerosos processos inflamatórios,
especialmente nos de caráter agudo.
Essa proteína é um marcador
sensível de inflamação e sua presença um sinal muito significativo de processo
patológico. Seus níveis costumar elevar rapidamente desde o início da doença
(12 - 36h), podendo chegar a 33mg/dL, desaparecendo com a regressão do
processo, estando presente apenas na fase ativa. Sua formação diminui com a
terapêutica antiinflamatória. Além disso, não sofre alteração pelas variações
de frações protéicas no soro (ex: gravidez, anemia, etc.)
Qualitativo
(positivo/negativo) ou Semi-quantitativo (diluição progressiva), com
transformação em ml/dL: em adultos: 0,5 mg/dL é um valor considerado anormal.
Mucoproteínas (seromucóides)
Mucoproteínas são
glicoproteínas típicas das secreções mucosas, conhecidas por mucinas e
mucóides, que são soluções viscosas e aderentes.
1) Sinal de atividade
reumatóide
2) Elevadas em pacientes
com Febre Reumática
3) Elevam-se após uso de
penicilina
Anti-estreptolisina O (ASO-ASLO)
A estreptolisina O é uma
das várias toxinas extracelulares elaboradas por amostras patogênicas do
Streptococcus. Por ser imunogênica, produz anticorpos
específicos em 85% dos
pacientes, o que começa a ocorrer 2 a 4 semanas após o início da infecção
estreptocóccica.
Títulos atingem o auge
entre a 3ª e a 5ª semana, voltando a valores normais entre a 8ª e a 10ª semana.
Nos casos em que acontecem complicações de natureza imune (febre reumática e
glomerulonefrite), a queda a valores normais pode levar 6 a 8 meses.
Artrite Reumatóide
Enfermidade inflamatória
crônica, sistêmica, de etiologia desconhecida e complexa patogenia, que pode
levar a alterações das articulações, com seqüelas e limitações funcionais.
É importante conhecer o
critério diagnóstico que longe de ser decisivo, é um bom condutor para o
diagnóstico em certas oportunidades. Esses critérios (4 dos 7 são necessários)
estabelecidos são:
1) Rigidez matinal nas articulações
ou em torno das mesmas, com duração acima de 30 minutos;
2) Artrite de três áreas
simultaneamente, com tumefação dos tecidos moles e aumento de líquido sinovial;
3) Artrite das articulações
das mãos, com comprometimento de pelo menos uma área;
4) Artrite simétrica nas
áreas referidas;
5) Nódulos reumatóides;
6) Fator reumatóide no
soro;
7) Alterações radiológicas:
osteopenia, redução do espaço articular.
Diagnóstico da Artrite Reumatóide
Nenhum teste é específico
para o diagnóstico de AR. No entanto, Fator reumatóide (FR), está positivo em
mais de 66% dos adultos com AR. A maioria dos testes detectam FR IgM (mas eles
também podem ser IgG e IgA). Sua presença não é específica para AR, já que são
encontradas em 5% das pessoas normais, freqüência que aumenta com a idade
(detectada em 10 a 20% dos indivíduos com mais de 60 anos). Aparece no LES,
Síndrome de Sjögren, hepatopatia crônica, sarcoidose, fibrose pulmonar
intersticial, mononucleose infecciosa, hepatite B, tuberculose (TB),
hanseníase, sífilis, endocardite bacteriana subaguda, leishmaniose visceral,
esquistossomose, malária, após vacinação ou transfusão, e em parentes de
pacientes com AR.
- Prova do Látex (RA-test):
suspensão de partículas de látex poliestireno revestidas de gamaglobulina humana
preparada. Essas partículas aglutinam-se macroscopicamente na presença de soro
contendo FR. Pode ser quantitativa (resultado positivo com agregados
grosseiros, fracamente positivo com agregados finos ou negativo com aglutinação
não evidente) ou semi-quantitativa, com diluições progressivas do soro,
obtendo-se nos pacientes de AR, títulos de 1:20 até 1:40.960.
- Prova de Waaler-Rose:
consiste em fazer o soro do doente aglutinar hemáceas de carneiro recobertas de
soro de coelho sensibilizado com hemáceas de carneiro. É menos sensível que a
anterior, mas é mais específica e costuma ser negativa nos casos de
falsa-positividade do látex. O resultado é dado em título aglutinante
diferencial (TAD) e é considerada positiva com resultado final igual ou
superior a 32.
A presença de FR não fecha
o diagnóstico: menos de 30% dos pacientes randomizados com um teste positivo
terão AR. Sua presença é de significado prognóstico, já que portadores de AR
com títulos positivos têm doença mais grave e progressiva, com manifestações
extra-articulares.
- Provas de inflamação:
VHS, proteína-C-reativa e ceruloplasmina elevadas na doença ativa e lesão
articular progressiva.
- Outros exames: anemia
normocrômica normocítica com estoques adequados de ferro (eritropoiese
ineficaz); trombocitose em doença ativa, leucócitos normais ou leucocitose
leve, leucopenia na síndrome de Felty completa, eosinofilia na doença sistêmica
grave.
Artrite Gotosa Crônica
Doença caracterizada por
artrite induzida por depósito de microcristais (urato monossódico,
di-hidratopirofosfato de cálcio, hidroxiapatita de cálcio, oxalato de cálcio
nas articulações). Decorrente de crises de gota aguda nas mesmas articulações
com destruição da cartilagem articular, espessamento crônico da sinóvia e
osteoartrite secundária.
- Ácido úrico sérico: pode
ser normal ou até baixo na doença aguda, já que os cristais estão se
depositando nas articulações. No entanto, os níveis quase sempre estão elevados
em algum momento, e podem ser utilizados no acompanhamento dos pacientes em
terapia hipouricêmica.
- Ácido úrico na urina de
24h: avalia o risco de cálculos, na observação de superprodução ou hipoexcreção
do ácido úrico, e, na decisão de qual regime hipouricêmico deverá ser
utilizado. Excreção de mais de 800 mg de ácido úrico em 24h em dieta regular
sugere que devem ser pesquisadas causas de superprodução de purinas.
- Uréia sérica, creatinina
sérica, hemograma e lipidograma: realizar seriadamente, no sentido de monitorar
o paciente por seqüelas da gota ou outras doenças associadas que requerem
tratamento.
Espondilite Anquilosante
Nenhum teste é diagnóstico
para EA. Na maioria dos grupos étnicos, o HLA-B27 está presente em
aproximadamente 90% dos pacientes.
Fator reumatóide e
anticorpos anti-nucleares: uniformemente ausentes, exceto em superposições.
- Provas inflamatórias: a
maioria dos pacientes com doença ativa tem aumento de VHS e PC-Reativa.
- Hemograma: Anemia
normocítica normocrômica leve.
- Outros achados: Níveis
elevados de fosfatase alcalina e de IgA sérica.
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