Traumatismos musculares
O músculo pode ser traumatizado
por mecanismo direto, quando objetos chocam-se contra o membro ou este contra
um objeto. Constituem as contusões que são piores quando o impacto atinge o
músculo em estado de contração. As contusões podem ser de diferentes graus:
leve: há dor localizada, mas o
indivíduo realiza movimentos, podendo haver discreto edema localizado.
moderada: a dor é mais intensa e
difusa e limita alguns movimentos. O edema é maior.
grave: provoca dor intensa,
incapacidade funcional e aumento global de volume que vai se instalando
progressivamente. Pode provocar secção de fibras musculares, sendo recomendável
a realização de ultra-sonografia para avaliação do grau real de dano ao músculo.
O traumatismo indireto provoca,
no músculo, o estiramento de suas fibras. Ocorre, quando sob um esforço súbito e
intenso, o membro é levado além dos limites de alongamento do músculo, que
geralmente encontra-se em graus variados de contração.
Ocorre mais frequentemente quando
não há "aquecimento" e alongamento prévios à atividade física. Os
testes semiológicos provocam dor mais intensa quando se testa o grupo muscular
lesado contra a resistência.
Há, também, vários graus de
lesão:
Estiramento muscular: surge com
dor repentina durante um movimento ativo brusco e há dor sobre o músculo. A
equimose tardia (48-72 h) é comum e localizada na região da dor. Anatomopatologicamente
há estiramento de grupos de fibras, com algum sangramento , mas com preservação
da bainha muscular.
Ruptura muscular parcial: surgem
dores localizadas intensas, que aparecem em condições semelhantes ao do
estiramento. Há dor local permanente e impotência funcional parcial. Nas 24-48
horas seguintes a dor torna-se difusa. Surge equimose tardia à distância.
Ruptura total: lesão grave, com
alterações grosseiras topográficas e depressão no corpo muscular. Há incapacidade
total do músculo e o edema aumenta nas 24 horas seguintes. Há grande hemorragia
e a equimose é extensa. Está indicado o exame ultra sonográfico para completar a
avaliação. Dependendo do grau de lesão, do músculo envolvido e do tipo de
paciente (atleta profissional, atleta casual, idade, etc.) pode estar indicada
a reparação cirúrgica. Às vezes não há ruptura muscular como tal mas arrancamento
de um pequeno fragmento ósseo no ponto de inserção do músculo (avulsão).
O tratamento das lesões
musculares obedece a alguns princípios gerais comuns, cujas medidas devem ser
mais reforçadas quanto mais grave for a lesão.
Na fase aguda recomenda-se
repouso da musculatura envolvida, que é relativo nas lesões leves e moderadas,
mas que pode ser absoluto nas lesões completas. É aplicado gelo quase de forma
ininterrupta nas primeiras 24 horas. Nas 48 horas seguintes ainda aplica-se o
gelo, em intervalos maiores. São prescritos anti-inflamatórios não hormonais, durante
7 dias. Pode ser usada uma contensão elástica na região traumatizada.
Após 48 horas inicia-se aplicação
de calor úmido acompanhado de pequenas massagens no sentido da drenagem venosa
e linfática. Se há muita dor, a massagem deve ser postergada pois pode
representar traumatismo adicional. À medida que as reações locais vão
desaparecendo intensifica-se a massagem e inicia-se movimentação leve, sem resistência.
Este regime vai aumentando até iniciar-se alongamento da musculatura e, depois,
seu fortalecimento.
Estas
medidas são adaptadas para o grau de lesão e tipo de paciente. Um atleta de
fim-de-semana com um estiramento moderado necessita repouso relativo e medidas
locais, porém, não deverá voltar ao esporte até que esteja assintomático (mais
ou menos 1 mês). Recomendar previamente alongamento muscular. É relativamente frequente
que estas lesões sejam mal resolvidas principalmente pela volta precoce às atividades
físicas, surgindo dor na antiga lesão quando a musculatura é solicitada.
Geralmente desenvolve-se no local
uma reparação fibrótica que, por não ter as mesmas propriedades de resistência
e flexibilidade do músculo, fica sendo traumatizada pela atividade física,
desenvolvendo um foco inflamatório crônico que origina mais fibrose. O
tratamento desta condição é difícil e, não raramente, encerra uma atividade
esportiva.
Na fase crônica, tanto uma
ruptura muscular quanto uma hérnia muscular traumática (condição que surge em
decorrência da ruptura da aponeurose muscular) manifestam-se por uma depressão
localizada no corpo muscular. Faz-se a diferenciação entre as duas condições
solicitando-se ao paciente que contraia a musculatura. No caso da ruptura há aumento
da depressão. Se for uma hérnia ocorrerá uma protrusão local. As hérnias podem,
eventualmente, ser reparadas.
Fonte: José B. Volpon - Prof.
Titular, Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor
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