Alongamento muscular
Alongamento
Seletivo: É
um processo através do qual a função geral de um paciente pode ser melhorada
com a aplicação seletiva de técnicas de alongamento ao mesmo tempo em que se
permite a ocorrência de certa limitação na mobilidade de outros músculos ou
articulações.
Hiperalongamento:
É um
alongamento bem além da amplitude de movimento normal de uma articulação e
tecidos moles vizinhos, que resulta em hipermobilidade. Pode ser necessário
para certos indivíduos saudáveis com força e estabilidade normais participando
em esportes que requerem grande flexibilidade. O hiperalongamento pode
tornar-se prejudicial quando as estruturas de suporte de uma articulação e a
força dos músculos ao redor de uma articulação são insuficientes e não podem
manter a articulação em uma posição estável e funcional durante as atividades.
A isso denominamos fraqueza por alongamento.
Resposta
mecânica da unidade contrátil ao alongamento
Quando um músculo é alongado passivamente, o
alongamento inicial ocorre no componente elástico em série e a tensão aumenta
agudamente. Após certo ponto ocorre um comprometimento mecânico das pontes
transversas à medida que os filamentos se separam com o deslizamento e ocorre
um alongamento brusco nos sarcômeros (eles cedem). Quando a força de
alongamento é liberada, cada sarcômero retorna ao seu comprimento de repouso.
Após imobilização do músculo por certo
período, ocorre diminuição nas proteínas e mitocôndrias musculares, resultando
em atrofia e fraqueza.
Se um músculo é imobilizado na posição
alongada por um período prolongado de tempo, o número de sarcômeros em série
irá aumentar, dando origem a uma forma mais permanente de alongamento muscular.
O músculo irá ajustar seu comprimento com o tempo de modo a manter a maior sobreposição
funcional entre actina e miosina.
O músculo que foi imobilizado em posição
encurtada produz quantidades crescentes de tecido conectivo que servem para
proteger o músculo quando este se alonga. Ocorre uma redução no número de
sarcômeros como resultado da absorção de sarcômeros.
A adaptação dos sarcômeros a posições
prolongadas é transitória se for permitido ao músculo voltar ao seu comprimento
normal após a imobilização.
Propriedades
Neurofisiológicas do Tecido Contrátil
1) O fuso muscular: é o principal órgão
sensitivo do músculo e é composto de fibras intrafusais microscópicas que ficam
paralelas à fibra extrafusal. O fuso muscular monitora a velocidade e duração
do alongamento e detecta as alterações no comprimento do músculo. As fibras do
fuso muscular são sensíveis à rapidez com a qual um músculo é alongado. As
fibras aferentes primárias (tipo Ia) e secundárias (tipo II) originam-se nos
fusos musculares, fazem sinapse com motoneurônios alfa ou gama, respectivamente
e facilitam a contração das fibras extrafusais e intrafusais.
2) Órgão Tendinoso de Golgi (OTG):
Localiza-se próximo à junção musculotendínea, enrola-se nas extremidades das
fibras extrafusais do músculo e é sensível à tensão causada tanto pelo
alongamento passivo quando pela contração muscular.
O OTG é um mecanismo de proteção que inibe a
contração do músculo no qual ele está. Tem um limiar muito baixo de disparo
(dispara facilmente) após uma contração muscular ativa e tem um alto limiar de
disparo para o alongamento passivo.
Quando se desenvolve tensão excessiva em um
músculo, os OTG disparam, inibindo a atividade dos motoneurônios alfa e
diminuindo a tensão no músculo.
Resposta
Neurofisiológica do músculo ao alongamento
Quando um músculo é alongado muito
rapidamente, as fibras aferentes primárias estimulam os motoneurônios alfa na
medula espinhal e facilitam a contração das fibras extrafusais, aumentando a
tensão no músculo. Chama-se reflexo de
estiramento monossináptico. Procedimentos de alongamento que são realizados
em uma velocidade muito alta podem na verdade aumentar a tensão no músculo que
deveria ser alongado.
Quando se aplica uma força de alongamento
lenta em um músculo, o OTG dispara e inibe a tensão no músculo, permitindo que
o componente elástico em paralelo (o sarcômero) do músculo se alongue.
Alongamento
Balístico
É um alongamento “brusco” de alta intensidade
e duração muito curta. Geralmente é conseguido quando o paciente provoca um
movimento brusco usando a contração do grupo muscular oposto ao que está
retraído, e usando o peso corporal e o momento como força para alongar o
músculo retraído. Embora o alongamento balístico aparentemente aumente a AM, é
considerado um meio não seguro devido ao pouco controle e ao potencial de
rupturas inapropriadas dos tecidos enfraquecidos.
Os indivíduos idosos, sedentários, e pessoas
na fase inicial de recuperação de lesões (incluindo cirurgias) ou após a
imobilização, se acham particularmente em situação de risco para traumas
indesejáveis nos tecidos devido ao alongamento balístico, já que o tecido
conectivo se acha em estado de enfraquecimento. Além disso, o alongamento
balístico alonga rapidamente o fuso muscular e facilita o reflexo de
estiramento, provocando um aumento de tensão no músculo que está sendo
alongado.
Os músculos e tecidos conectivos são os mais
susceptíveis a microtraumas com alongamento balístico que com um alongamento
mantido de baixa intensidade. Tem-se mostrado que a tensão gerada em um músculo
durante o alongamento balístico é quase o dobro da tensão criada com o
alongamento mantido de baixa intensidade.
Alongamento
Mecânico Cíclico
É um alongamento repetitivo aplicado por meio
de um dispositivo mecânico. O alongamento mecânico prolongado, seja cíclico ou
mantido, parece ser mais efetivo que o alongamento passivo manual porque a
força de alongamento é aplicada durante muito mais tempo do que seria viável
com o alongamento manual.
Inibição
Ativa
Refere-se a técnicas nas quais o paciente
relaxa reflexamente o músculo a ser alongado antes da manobra de alongamento. É
possível somente se o músculo a ser alongado tem inervação normal e está sobre
controle voluntário. Não pode ser usado em pacientes com fraqueza muscular
intensa, espasticidade ou paralisias devido à disfunção neuromuscular.
Uma desvantagem da inibição ativa é que é um
alongamento de alta intensidade que afeta somente as estruturas elásticas dos
músculos e produz aumento menos permanente na extensibilidade dos tecidos moles
que os métodos de alongamento mais prolongados.
Técnicas
de Inibição Ativa:
Sustentar-relaxar
(Hold-Relax): O
paciente faz uma contração isométrica no
final da amplitude do músculo retraído antes que ele seja passivamente
alongado. Essa técnica baseia-se no fato de que, após uma contração
pré-alongamento do músculo retraído, esse mesmo músculo irá relaxar como
resultado da inibição autogênica, e
assim será alongado mais facilmente. Uma variação da técnica sustentar-relaxar
lê a técnica contrair-relaxar. Após o
músculo retraído ter sido alongado passivamente, o paciente faz uma contração isotônica concêntrica contra resistência do músculo retraído antes de ele ser
alongado.
Sustentar-relaxar
com contração do agonista (SR-CA): uma variação da técnica sustentar-relaxar é
uma contração isométrica de pré-alongamento do músculo retraído e relaxamento
deste seguido por uma contração concêntrica do músculo oposto ao músculo
retraído. À medida que o músculo agonista ao músculo retraído se encurta, o
músculo retraído se alonga. Essa técnica combina inibição autogênica e inibição
recíproca para alongar um músculo retraído.
Contração
do Agonista: O
paciente contrai dinamicamente (encurta) o músculo oposto ao músculo retraído contra resistência. Isso provoca uma inibição recíproca do músculo retraído,
e esse se alonga mais facilmente à medida que o músculo se move. Esse método é
menos efetivo quando um paciente está próximo da amplitude normal.
Auto-Alongamento: É um tipo de
exercício de flexibilidade que o paciente realiza sozinho. Possibilita aos
pacientes manter ou aumentar independentemente a AM conseguida em sessões de
tratamento. As técnicas de auto-alongamento são um aspecto importante de o
programa domiciliar de exercícios e do manejo em longo prazo de muitos
problemas musculoesqueléticos e neuromusculares.
Contra
Indicações ao Alongamento
Quando um bloqueio ósseo limita a mobilidade
articular; após uma fratura recente; sempre que houver evidência de processo
inflamatório ou infeccioso ao redor da articulação; sempre que houver dor
aguda, cortante, com o movimento articular ou com o alongamento muscular;
quando houver hematoma ou outra indicação de trauma; quando as contraturas ou
tecidos moles encurtados estiverem provendo aumento na estabilidade articular
em substituição à estabilidade estrutural normal ou força muscular; quando as
contraturas ou tecidos moles encurtados forem a base de habilidades funcionais,
particularmente em pacientes com paralisia ou fraqueza muscular intensa.
Fonte: Kisner
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