Manobra de aceleração de fluxo expiratório
A pressão expiratória recebe
diferentes nomes, conforme o uso e os hábitos dos profissionais que a empregam
no dia-a-dia da fisioterapia respiratória e um deles é a AFE. Ela é a
mobilização da caixa torácica, por meio de compressão manual regional do tórax,
na fase expiratória. Consiste em deprimir ativamente o gradil costal do
paciente, além daquilo que ele consegue realizar ativamente. Pode ser feita com
o paciente em decúbito supino ou em decúbito lateral. Aplica uma pressão no fim
da fase expiratória, fazendo com que haja um prolongamento dessa fase mediante
uma pressão mais acentuada no gradil costal, nos sentidos para baixo (craniocaudal)
e para frente (xifóide - crista ilíaca).
Em relação às técnicas de
expiração ativa, descreve-se que têm por objetivo facilitar o deslocamento de
secreções da periferia às vias aéreas centrais. Elas se beneficiam de uma longa
experiência clínica. Seus princípios são interessantes e as manobras são
eficazes, podendo ser praticadas de várias maneiras.
A técnica denominada
“Aceleração de Fluxo Expiratório” deveria, por razão de definição física, ser
chamada de “Aumento do Fluxo Expiratório” (AFE). O fluxo exprime a quantidade
de fluido que passa através de uma superfície por unidade de tempo. Definindo
rigorosamente, essa noção sugere que a superfície em questão é suficientemente
pequena, a fim de proporcionar que a velocidade de cada uma das partículas que
compõe o fluido seja identificada em cada ponto. Havendo uma proporcionalidade
entre fluxo e velocidade.
Assim sendo, acelerar um
fluxo seria acelerar uma velocidade. “Aceleração de um fluxo” seria uma
grandeza hipotética, cuja unidade seria m/s3. Pelo contrário, afirmando-se de
aceleração das partículas que fazem parte do fluido, há simplesmente um aumento
da velocidade, daí a base para a denominação “aumento de fluxo”.
A AFE pode ser conceituada
como uma expiração ativa ou passiva realizada com volume pulmonar alto, em que
a velocidade, a força e a duração podem variar (os fluxos gerados ficam
inferiores ao fluxo expiratório máximo).
Essa técnica tem como
objetivo mobilizar, deslocar, eliminar as secreções da periferia em direção à
traqueia, pela utilização do aumento do fluxo expiratório. Sua descrição
baseia-se no aumento do fluxo expiratório, podendo ser variável em velocidade,
rápido ou lento, e em função da cooperação. A técnica AFE rápida permite fluxo
expiratório elevado e eliminações de secreções da traqueia e dos brônquios
proximais. A AFE lenta, com baixo fluxo e baixo volume pulmonares, permite a
mobilização de secreções distais.
A AFE é realizada com as
mãos abertas, dedos aduzidos ao máximo, punhos e cotovelos fixos, e a pressão
exercida é quase toda proveniente dos ombros. A pressão deve ser contínua,
devendo, no fim, haver uma leve vibração para maior relaxamento do tórax do
paciente, proporcionando melhor alavanca de movimento para quem a aplica, o que
torna a manobra mais eficiente.
O objetivo da aceleração do
volume de ar é modificar o tipo de fluxo aéreo na árvore brônquica, que se
torna instável com formação de turbulências, o que gera modificações das
propriedades reológicas do muco e eliminação mais fácil destas secreções assim
diluídas e deslocadas.
O objetivo principal da AFE
é “desinsuflar o tórax e os pulmões”, diminuindo o espaço morto ou diminuindo,
conseqüentemente, o volume residual e aumentando o volume de ar corrente,
possibilitando com isso, maior ventilação pulmonar, que, por sua vez, irá
oxigenar melhor o sangue. Outro objetivo dessa manobra é o ganho de mobilidade
da caixa torácica e, quando há presença de acúmulo de secreção nos pulmões,
será também estimulada a expectoração (COSTA, 1999).
A AFE está indicada em todas
as situações de obstrução brônquica proximal ou distal. Em crianças é necessário
adaptar a técnica em casos de traqueomalácia, discinesia ciliar, insuficiência
respiratória grave, coqueluche, má formação cardíaca grave, fragilidade
constitucional óssea. Há contra-indicação relativa na fase inicial aguda da
bronquiolite ou de crise asmática ainda pouco secretante.
Esta técnica é a mais
utilizada pelos fisioterapeutas, com as vibrações e pressões torácicas, de
acordo com pesquisa nacional realizada em 1994. Não existem, infelizmente,
elementos científicos formais para validar esta técnica, mas somente uma
impressão global de sua eficácia clínica, que nos leva a recomendá-la desejando
que sejam realizados trabalhos de avaliação clínica e fisiopatológica da aplicação
da mesma (FELTRIM; PARREIRA, 2001).
Autor: Manoel Luiz de
Cerqueira Neto
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