Efeitos fisiológicos do flutter
O flutter é um aparelho
portátil que combina a pressão positiva nas vias aéreas e a oscilação de alta
freqüência. E constituído por um plástico rígido contendo uma peça bucal e uma
tampa com perfuração, na extremidade proximal (A) e distal (B),
respectivamente. Dentro desse dispositivo, existe uma espécie de válvula,
composta por uma esfera de aço maciça de alta densidade (C), localizada dentro
de um cone circular (D).
Desenho esquemático do flutter. Esse
dispositivo é constituído por um plástico rígido contendo uma peça bucal e uma tampa
com perfuração, nas extremidades proximal (A) e distal (B), r espectivamente.
(C) Esfera de aço maciça de alta densidade. (D) Cone circular.
Quando o paciente exala pela
peça bucal, a esfera gira e se move para cima e para baixo, criando um ciclo de
abertura e fechamento das vias aéreas, que se repete muitas vezes ao longo de
cada exalação. A posição real da esfera, durante a exalação, é o resultado do
equilíbrio entre a pressão do ar exalado, a força da gravidade e o ângulo de
contato da boca com o cone. A pressão positiva gerada é intermitente e, segundo
alguns autores, também é variável. A pressão máxima gerada é de,
aproximadamente, 18 a 25 cmH20, durante os ciclos de abertura e fechamento
quando o paciente realiza um esforço expiratório normal. Entretanto, as
pressões podem ultrapassar 35 cmH20 durante a expiração forçada.
Em relação à freqüência de
oscilação, o ângulo formado entre a boca do paciente e o aparelho é fator
determinante dessa freqüência de oscilação, ou seja, a freqüência está
relacionada não somente com o fluxo gerado pelo paciente, mas também com o
ângulo de inclinação do aparelho. Essa freqüência de oscilação pode variar de 2
a 32 Hz. Os pacientes são instruídos a segurar o aparelho de forma que o ângulo
seja ajustado para geração da maior vibração nas vias aéreas.
As oscilações do fluxo aéreo
resultam de fases sucessivas de aceleração e desaceleração, que coincidem com
os ciclos de abertura e fechamento das vias aéreas, produzindo o chamado "efeito
flutter". O Quadro mostra a relação entre a posição do flutter e a pressão
expiratória correspondente, freqüência de oscilação e fluxo de ar.
Relação entre a posição do
flutter e a pressão expiratória correspondente, freqüência de oscilação e fluxo
de ar
A vibração das vias aéreas
desprende o muco das suas paredes, a aceleração do fluxo expiratório facilita o
deslocamento da secreção para as vias aéreas mais centrais, e o aumento na
pressão endobrônquica diminui o colapso das vias aéreas durante a exalação,
potencializando o clearance muco ciliar.
A utilização do flutter
facilita o clearance mucociliar das vias aéreas, aumentando a expectoração, em
comparação com outras técnicas. Reduz também a viscoelasticidade da secreção,
potencializando a limpeza das vias aéreas, o chamado efeito tixotrópico.
Bellone e cols. sugeriram que a terapia com o flutter introduz bolhas de ar no
muco, tornando-o capaz de flutuar, facilitando seu deslocamento. A maior
remoção de secreção reduz o meio para cultura de bactérias, prevenindo a
infecção e, conseqüentemente, a degradação do tecido pulmonar.
A eficácia do flutter é
avaliada de várias maneiras. O peso da secreção expectorada, úmida ou seca, tem
sido o método mais utilizado, apesar de não ser confiável pela provável mistura
de secreção gástrica e saliva ao muco. Alterações nas manifestações clínicas do
sistema respiratório (tosse, expectoração e dispnéia) e no exame físico
(ausculta pulmonar), apesar de subjetivas, têm sido consideradas, em alguns estudos,
como métodos de avaliação da eficácia do recurso em questão. A avaliação da
função pulmonar, realizada antes e depois da terapia com flutter, reflete
alterações em nível de obstrução das vias aéreas, devido ao clearance
mucociliar.
Alterações na função
pulmonar, em curto prazo, foram demonstradas em pacientes portadores de fibrose
dstica e bronquite crônica após a comparação entre uma e duas semanas de
terapia com o flutter. Os resultados mostraram aumento significativo de CVF,
VEF 1 e no pico de fluxo expiratório.
Melhora significativa na
tolerância aos exerdcios foi demonstrada através da avaliação pelo teste de
caminhada de seis minutos em pacientes portadores de fibrose cística, após 14
dias de terapia com o flutter. Entretanto, não foi observado diferença
significativa quando esses dados foram comparados com os dados de pacientes que
realizaram a fisioterapia torácica convencional.
Fonte: Bases da fisioterapia
respiratória: terapia intensiva e reabilitação / Maria da Glória Rodrigues
Machado. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
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