Lesão ligamento cruzado anterior
O joelho é formado por
estruturas ósseas e tecidos moles, que, em conjunto, trabalham para garantir a
estabilidade. Entre as estruturas ósseas, estão a porção final do osso da coxa
(fêmur), a porção inicial do osso da perna (tíbia) e a patela (rótula).
Interligando e acoplando essas estruturas ósseas estão os tecidos moles e
destes, destacam-se estruturas como os músculos da região da frente e de trás
da coxa, alguns tendões, os meniscos e, em especial, quatro ligamentos:
Ligamento Cruzado Anterior, Ligamento Cruzado Posterior, Ligamento Colateral
Lateral e Ligamento Colateral Medial. Os ligamentos são estruturas passivas
(não tem capacidade de gerar contração), porém desempenham papel importantíssimo
na estabilização do joelho.
O ligamento cruzado anterior
está localizado no interior da articulação do joelho e liga o osso da coxa
(fêmur) ao osso da perna (tíbia). Semelhante a uma “corda” (com comprimento
médio que varia de 25 a 41 mm), o LCA é um tecido fibroso, isto é, uma
estrutura constituída por fibras de colágeno que juntas formam dois grandes
feixes ou bandas, que apresentam funções distintas: a banda ântero-medial
(menor), que atua nas flexões do joelho acima de 60 graus e é responsável por
“segurar” a tíbia, evitando que ela seja deslocada para frente em relação ao
fêmur, e a banda póstero-lateral (maior) que atua na estabilidade desde a
extensão total até graus intermediários de flexão (de 45 a 60 graus) e é
responsável por evitar movimentos rotacionais excessivos do joelho.
Juntamente com o ligamento
cruzado posterior, o LCA controla os movimentos do joelho e é responsável por
transmitir informações sensoriais que partem do centro da articulação e vão
para o cérebro. Isso permite que a pessoa tenha a sensação do movimento que
está acontecendo e possa ter melhor coordenação motora.
O que é a lesão do LCA?
A lesão do LCA é o
estiramento ou ruptura das fibras do ligamento cruzado anterior. A lesão pode
acontecer de forma completa (também conhecida como lesão total e ocorre em
cerca de 95% dos casos), na qual as duas bandas do LCA são rompidas ou de forma
parcial, na qual uma das bandas é rompida e a outra continua íntegra.
Os dois tipos de lesão levam
prejuízo ao joelho, mas em uma ruptura parcial, o ligamento pode ter chances de
cicatrizar, porém diante de uma lesão total, o ligamento não cicatriza e o
joelho fica exposto a um alto grau de instabilidade.
É comum que durante o
momento do trauma, outras estruturas sejam lesionadas juntamente com o LCA.
Essas são as chamadas lesões associadas e as estruturas mais acometidas são: o
menisco medial (o menisco da região interna do joelho), o ligamento colateral
medial e a cartilagem articular.
Formas de lesão:
Mudança rápida de direção
Parar de uma vez
Reduzir a velocidade durante
uma corrida
Apoiar os pés incorretamente
depois de um salto
Contato direto ou colisão,
como um desarme no futebol
Sinais e sintomas
No momento da lesão do
ligamento cruzado anterior, o paciente geralmente consegue ouvir um estalido
(barulho) no joelho, que é seguido de dor intensa, podendo ou não ocorrer
inchaço algumas horas após o evento traumático. Quando a lesão acontece durante
uma atividade física, o atleta normalmente cai no chão e é incapaz de terminar
o exercício em virtude da dor e da instabilidade no joelho.
O paciente também pode
perceber redução da amplitude de movimento do joelho, desconforto para caminhar
e apresenta sensibilidade ao longo da linha da articulação. Alguns dias depois,
normalmente a dor intensa e o inchaço tendem a diminuir e o sintoma mais
incapacitante passa a ser a instabilidade (falseio), que é considerado o
principal sintoma crônico dessa lesão.
Em alguns casos o paciente
não apresenta a sensação de falseio propriamente dita, mas pode sentir certa
insegurança no joelho durante atividades que requeiram maior demanda dessa
articulação. Estes casos podem representar uma lesão parcial do LCA, na qual
uma das bandas ainda está íntegra.
Principais testes
específicos
Teste de Lachman
Posição do paciente:
decúbito dorsal com joelho a ser testado flexionado a 30º.
Descrição do teste: o teste
de lachman é um teste específico para verificar a integridade dos ligamentos
cruzados anterior (LCA) e ligamento cruzado posterior (LCP). No teste de
lachman para testar o LCA, o terapeuta segura firmemente com uma mão à coxa do
paciente e com a outra mão traciona a tíbia superiormente realizando uma força
de cisalhamento.
Teste da gaveta anterior e
posterior
Posição do paciente:
decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 90º.
Descrição do teste: o
terapeuta deverá sentar em cima do pé do paciente a fim de estabilizar a tíbia
e abraçar com ambas as mãos a tíbia do paciente, colocando seus polegares na
interlinha articular. Realizar uma tração anterior para testar o ligamento
cruzado anterior e após realizar uma força antagônica para testar o ligamento
cruzado posterior.
Exames de imagem
Radiografias. Embora não
revelem as lesões do ligamento cruzado anterior, as radiografias podem mostrar
se a lesão está associada a fraturas.
Ressonância magnética (RM).
Esse exame fornece melhores imagens dos tecidos moles, como o ligamento cruzado
anterior. No entanto, normalmente não é necessária a realização de uma RM para
concluir o diagnóstico de LCA rompido.
Tratamento conservador
A fisioterapia tem papel
fundamental no tratamento da lesão do LCA. Diante da opção de tratamento
conservador, a fisioterapia dispõe de recursos de eletrotermofototerapia, que
são usados normalmente no início da reabilitação e tem como objetivo principal
o controle do edema articular e a redução da dor.
O fortalecimento de grupos
musculares, sobretudo do quadril e joelho, que são os principais responsáveis
pela proteção do joelho, controle e estabilização dos membros inferiores como
um todo. Esse reforço muscular é atrelado ao treinamento do controle do
movimento dos membros inferiores e no decorrer do processo de reabilitação,
também é associado ao treino de equilíbrio e do gesto esportivo, em casos
específicos.
Fase Aguda:
O tratamento nesta fase
inicia-se logo após o trauma e visa principalmente diminuir dor e inflamação,
restaurar amplitude de movimentos e restabelecer o controle muscular e proteção
contra novas agressões. Tais objetivos podem ser alcançados adotando-se o
método “PRICE (Hernandez AJ, Vieira EA: O Joelho Agudo – Função dos ligamentos
na estabilização do joelho. In: Camanho GL, editor. Patologia do Joelho:
Savier; 1996. p.1-34).
1-Uso de compressão e gelo
associados ou não a analgésicos e\ou AINH (Anti Inflamatórios não Hormonais)
2-Exercícios de
flexo-extensão assistidos e alongamentos visando aumentar o ADM (Arco de
Movimento). Atenção deve ser dada na demora para se atingir este objetivo,
especialmente extensão, pois isso pode significar outras lesões associadas,
(lesão meniscal), o que modificaria temporariamente a conduta
3- Uso de muletas para
descarga parcial do peso, até que se restabeleça completamente a ADM e cesse o
processo inflamatório.
Fase Crônica:
Esta etapa do tratamento
inicia-se logo depois de atingidas as metas anteriores (3 semanas), e tem por
base 4 parâmetros :
a- Trabalho muscular
b-Treino de propriocepção
c- Órteses
d- Reeducação esportiva
Tratamento cirúrgico
Reconstrução do ligamento. A
maioria das rupturas de LCA não pode ser suturada (unida com pontos). Para
reparar cirurgicamente o LCA e recuperar a estabilidade do joelho, o ligamento
precisa ser reconstruído. O médico substituirá o ligamento rompido por um
enxerto de tecido. Esse enxerto age como uma plataforma para o crescimento de
um novo ligamento.
Os enxertos podem ser
obtidos de várias fontes. Normalmente, são retirados do tendão patelar, que se
estende entre a rótula e o osso da perna. Os tendões da parte posterior da coxa
são uma fonte comum de enxertos. Às vezes um tendão do quadríceps, que desce
pela coxa partindo da rótula, é usado. Por fim, também pode ser usado enxerto
de um cadáver (aloenxerto).
Todas as fontes de enxerto
têm suas vantagens e desvantagens. As opções de enxerto devem ser discutidas
com o cirurgião ortopédico para determinar qual é a melhor.
Como leva algum tempo para o
ligamento incorporar, um atleta pode levar seis meses ou mais para voltar ao
esporte depois de uma cirurgia.
Procedimento. A cirurgia
para reconstruir o ligamento cruzado anterior é realizada pela inserção de um
artroscópio por pequenos cortes. A cirurgia artroscópica é menos invasiva. Os
benefícios das técnicas menos invasivas incluem menos dores decorrentes da
cirurgia, menor permanência no hospital e menores tempos de recuperação.
A não ser que seja o
tratamento para uma lesão associada à dos ligamentos, a reconstrução do LCA não
costuma ser realizada imediatamente. Espera-se a cessação da inflamação e o
retorno dos movimentos antes da cirurgia. A realização muito precoce da
reconstrução do LCA aumenta muito o risco de artrofibrose, ou formação de
cicatriz na articulação, o que traz o risco de perda de movimentos do joelho.
Fontes: Ortho Info, InstitutoTrata
Obrigada pelos esclarecimentos sobre corrente aussie
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