Aspiração traqueal
Frequência
Recomendação: A aspiração
somente deverá ser realizada quando necessária, isto é, quando houver sinais
sugestivos da presença de secreção nas vias aéreas (por exemplo, secreção
visível no tubo, som sugestivo na ausculta pulmonar, padrão denteado na curva
fluxo-volume observado na tela do ventilador, etc.).
Grau de recomendação: D
Comentário: A avaliação da
necessidade de aspiração pelo fisioterapeuta deve ser sistemática, em
intervalos fixos e, também, na presença de desconforto respiratório. A aspiração
traqueal é um procedimento invasivo, bastante irritante e desconfortável para
os pacientes. Pode ainda promover complicações, entre as quais: tosse,
broncoespasmo, hipoxemia, arritmias e danos à mucosa. Apesar de serem claros na prática clínica, os
benefícios da aspiração para remoção das secreções das vias aéreas, isto nunca
foi estudado ou, principalmente, avaliados os efeitos colaterais associados a
ela.
Danos à mucosa e ao sistema
mucociliar geralmente estão associados à técnica do operador e à quantidade de
pressão usada (que não deve exceder 150 mmHg em adultos). Aspiração
intermitente, em vez de contínua, pode ser menos traumática para a mucosa, mas
existe pouca evidência sobre isso.
Prevenção de hipoxemia
Recomendação: A
hiperoxigenação (FIO2 = 1) deve ser utilizada previamente ao procedimento de aspiração
endotraqueal para minimizar a hipoxemia induzida pela aspiração traqueal.
Grau de recomendação: A
Comentário: A
hiperoxigenação com FiO2 de 100% associada à hiperinsuflação com VT 50% maior
que o basal durante 3 a 6 ciclos respiratórios foram as técnicas mais estudadas
para prevenir a hipoxemia durante a aspiração.
Sistema de aspiração aberto
vs. fechado
Recomendação: Os sistemas de aspiração aberto e
fechado são igualmente eficazes na remoção de secreções. No entanto, o sistema
fechado determina menor risco de hipoxemia, arritmias e de contaminação e deve
ser preferido, principalmente em situações nas quais são usados valores de PEEP
elevados, como na lesão pulmonar aguda.
Grau de recomendação: B
Comentário: A principal
vantagem do sistema fechado é realizar a aspiração sem a desconexão do circuito
do ventilador. Isso, além de determinar menor alteração hemodinâmica e nas
trocas gasosas, poderia implicar num menor risco de infecção. Porém, os estudos
realizados não mostraram menor frequência de pneumonia com o sistema fechado.
No entanto, em pacientes com
lesão pulmonar aguda/síndrome do desconforto respiratório agudo, o uso do
sistema fechado pode reduzir o derrecrutamento e a queda na oxigenação do
paciente.
Esse efeito pode ser
influenciado pelo modo ventilatório em uso e pelos ajustes do ventilador. Uma manobra de recrutamento após a
aspiração pode minimizar os efeitos da aspiração traqueal. O custo relacionado
ao uso do sistema fechado pode ser reduzido com a troca a cada sete dias, ao
invés de diariamente, sem aumentar o risco de infecção respiratória.
Fonte: III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica
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